POEMA MEU I
A canção de Natal soava bela,
Os miúdos jogavam na escola,
No ar havia cheiro de canela,
E o velhote aconchegava a gola.
Em tempo de Natal a gente gela,
E mais se gela se se pede esmola.
Quem não tenha batatas na panela,
Escusa de ir ao fundo da cartola.
A canção embalava o seu lamento,
A gola aconchegada não podia,
Matar a fome como mata o vento.
Eu vi então um puto que sorria,
Dar-lhe nas mãos em mui discreto alento,
Um prato doce e quente de alegria.
Copyright José Silva