2006-10-07

OS TROCOS

Anteontem fui comprar pão, pão de trigo, daqueles pequeninos, tão pequeninos que nos fazem duvidar do peso. Geralmente, peço, a brincar, um euro de pão. Porque cada pão custa nove cêntimos, pago exactamente, todos os dias, noventa e nove cêntimos. Levo para casa onze pães, o que às vezes é muito e outras vezes é nada. Anteontem, como sempre, não recebi de troco nem um cêntimo. Ontem pedi doze pães, não sei porquê, mas pedi doze. Um euro e oito cêntimos. Procurei e voltei a procurar na carteira: não tinha oito cêntimos, só tinha notas de cinco. A empregada que me serve todos os dias sugeriu: leve só onze, é mais fácil a conta. Olhei para ela, muito sério. Disse-lhe que sim, que estava bem. Aguardei uns segundos à espera do troco. Ela olhou-me, interrogativa. Ao fim de uns segundos percebeu. Corou. Procurou na caixa e não encontrou um cêntimo para me dar. Disse-lhe: fica-me a dever um cêntimo. Hoje voltei lá, como sempre. Outra vez o cêntimo. Deu-me dois de troco. Juro que nunca mais me ficam com as migalhas.