2006-09-27

TAXONOMIA

Há quem diga taxinomia, taxionomia, eu prefiro taxonomia.

A taxonomia é a ciência, ou a técnica, da classificação. Em biologia, por exemplo, o trabalho científico é potenciado pela descrição, identificação e classificação dos diversos organismos. Classificar, ordenar em classes, em subclasses, etc, significa sistematizar o mundo, significa ordená-lo em categorias psicológicas que correspondem a categorias existentes na própria realidade. E isso, parecendo simples, é extraordinário para toda a investigação científica.

Ao longo da minha vida, usei múltiplas taxonomias. Antes de as usar, porém, estudei-as. Lembro-me de, por exemplo, ter aprofundado algumas taxonomias relativas a objectivos da educação. Comecei com Bloom, passei por Mager, Landsheere, Guilford e d'Hainaut. Bloom continua a ser, parece-me, o patriarca. Tentei de todos eles obter o sumo mais saboroso, parecendo-me, no entanto, que o sumo tinha, em geral, um sabor semelhante. Talvez fosse defeito das minhas papilas "compreensivas"... Apenas d'Hainaut tinha algo de diferente.
Até d'Hainaut, projectei objectivos na minha perspectiva de professor.
Com d'Hainaut, aprendi a projectá-los na perspectiva dos alunos, das actividades cognitivas que a cada momento mobilizam.
A mudança de perspectiva tem implicações extraordinárias.
Desde que descobri Louis d'Hainaut, não obstante todas as críticas que lhe fazem, planifiquei sempre as minhas aulas com base nas actividades cognitivas que presumia nos alunos: reprodução, mobilização, conceptualização de conhecimentos, resolução de problemas... Entendi sempre, e entendo naturalmente agora, que uma boa planificação é importante para se dar boas aulas. Dar boas aulas sem planificação também é possível, mas...
Espanta-me, pois, que muitos professores actuais nunca tenham ouvido falar em taxonomias. Espanta-me que professores estagiários, jovens acabados de sair das universidades, não conheçam nenhuma taxonomia. Conhecem o nome Bloom. Já não é mau. Mas acho que não chega. É preciso reflectir sobre os conteúdos, sobre a forma de os ensinar e sobre o enquadramento de tudo isso em objectivos gerais do próprio ensino. O resultado será, tenho a certeza, muito compensador.