2006-07-14

A CULPA É DOS CRITÉRIOS
Há uma frase sagrada que os alunos dizem aos professores, quando estes elaboram as suas provas de avaliação:
- Professor, faça uma prova fácil!...
Os alunos não sabem que uma prova bem elaborada exige determinados requisitos, e que deve accionar nos jovens determinadas actividades cognitivas conducentes à expressão de produtos. A actividade de reprodução de conhecimentos é a mais básica, pois acciona fundamentalmente a memória. As actividades de mobilização de conhecimentos, de conceptualização, ou, finalmente, de resolução de problemas, são mais amplas e permitem ver, pelos produtos efectivamente apresentados pelos alunos, qual o seu nível de desenvolvimento intelectual e emocional.
O professor, portanto, obedecendo a estas exigências de boa estruturação de uma prova, fá-la, e geralmente pensa que a prova assim feita é efectivamente fácil.
No que respeita às provas de língua portuguesa, os critérios de avaliação contemplam, como não pode deixar de ser, o conteúdo e a expressão. O maior ou menor rigor desses critérios comanda, em grande parte, os resultados finais.
Acabo de saber os resultados do nono ano. Comparativamente, são 20% piores do que os resultados do ano passado. Os alunos tornaram-se, assim tão de repente, mais analfabetos? Claro que não! O problema está, evidentemente, nos critérios de correcção. Estabelecer critérios equilibrados e uniformes durante vários anos não é fácil e exige concertação entre as equipas que realizam as provas. Se assim não for, comparar resultados em anos diferentes pode significar absolutamente nada.
Farto-me de dizer aos meus alunos que me pedem uma prova fácil: Atenção, o fácil é sempre muito difícil! Alguns acreditam, e concentram-se. Outros não, e sofrem algumas desilusões. É a vida…