2006-07-27

O PERIGO DA LEITURA EXCESSIVA
Às vezes lemos, e não acreditamos. Grandes pensadores afirmam exactamente aquilo que nunca afirmaríamos, e fazem-no com tal convicção que nos sentimos quase derrotados face à argumentação utilizada. Arthur Schopenhauer, grande filósofo prussiano, a propósito da leitura, diz o seguinte ( texto adaptado):

Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: repetimos apenas o seu processo mental. Enquanto lemos, a nossa cabeça, na realidade, não passa de uma arena dos pensamentos alheios. E quando estes se vão, o que resta? Essa é a razão pela qual quem lê muito e durante quase o dia inteiro, mas repousa nos intervalos, passando o tempo sem pensar, pouco a pouco perde a capacidade de pensar por si mesmo. Tal é a situação de muitos eruditos: à força de ler, estupidificaram-se. Como uma mola que, pela pressão constante acarretada por meio de um corpo estranho, acaba por perder a sua elasticidade, também o espírito perde a sua devido à imposição contínua de pensamentos alheios. E, do mesmo modo como uma alimentação excessiva causa indigestão e, consequentemente, prejudica o corpo inteiro, pode-se também sobrecarregar e sufocar o espírito com uma alimentação mental excessiva.

O meu problema é exactamente este, nunca senti nenhuma indigestão, não consigo identificar o momento a partir do qual a minha leitura é excessiva. Quanto mais leio, mais me apetece ler, embora tenha a consciência de que preciso de filtrar o excesso de informação que caracteriza a contemporaneidade. Eduardo Prado Coelho diz que não lê textos internéticos, blogues ou similares por receio de afundamento. Fará bem? Este texto de Schopenhauer faz-nos pensar…