2006-07-20

QUE DE SEGURANÇA…
A estrutura que de é usual na sintaxe portuguesa. Em geral, a preposição de joga, ou dentro de locuções de tipo adverbial, ou com locuções conjuncionais de diversa tipologia:

Um livro que de algum modo…
Sempre escolhemos o que de melhor existe…
Se bem que de início até sejamos…
Uma verdade que de tão verdadeira é…
Ainda que de limitada dimensão…

Aqui há tempos, passava na televisão um anúncio com um pseudo-poema, que começava assim: “ E tu Maria, que dás calor à minha existência…”. Lembram-se? E terminava com a já célebre expressão: “Que de segurança, que de segurança!”. Nunca mais li ou ouvi esta estrutura quantificadora, até ontem. No jornal “Público”, diz Joaquim Fidalgo, entusiasmado: “A selecção portuguesa ficou em quarto lugar no Mundial de futebol, e que alegria ela nos deu, que de festa, que de bandeiras, que de recepções!”. Acho interessante, muito interessante mesmo, esta forma de enfatizar um facto, de o quantificar, tem sabor bem popular. Dirão alguns que é uma estrutura arcaica. Não sei, não. Só sei que gosto dela. Vou fazer como o Joaquim: vou usá-la mais!